Bullying - somos todos assim: violentos

Sabemos que bullying não é algo novo. Mas nesta breve reflexão quero discutir os motivos que fazem do bullying o fenômeno mundial. Não há como esgotar o assunto, mas posso provocar algumas idéias.
As pessoas têm em sua natureza uma dose de guerreiro. Cada um tem que cuidar de si, defender a sua terra, seus pertences, sua carreira, defenderem a sua família contra todos os males. Isto é bom. Mas tem um outro lado da questão.
O que desejo argumentar aqui é que as pessoas geralmente não sabem direcionar esta parte fera que tem dentro de si. Nós não sabemos com quem, para que, como estamos guerreando. Somos como aqueles meninos que passam horas vendo o pica-pau e depois saem pelas ruas fazendo brincadeiras maldosas com qualquer um. Ou como a senhora que esta naqueles dias (e não sabe o que é TPM) e sai dando coice em qualquer um que vê pela frente. Ou ainda como aquele que foi agredido de alguma forma e agora sai querendo “descontar” em alguém. Sem saber como se portar diante das adversidades e dos impulsos violentos (que todos tem em algum dia), esta pessoa não saberá lidar com o outro. Alguém sofrerá com isto. Até ai tudo bem, afinal vivemos em uma “selva de pedras”.
Na seqüência de minha argumentação posso declarar que cada vez menos temos instrumentos para ensinar as pessoas a lidar com sua natureza violenta. E aqui, ensinar, não significa inibir, mas conscientizar, ajudar cada um a se conhecer, seus pontos fracos e fortes, suas potencialidades e fraquezas, saber como canalizar, sublimar, frear, dominar, amenizar, usar adequadamente etc a sua natureza violenta.
A escola parece não ser este lugar de ensinamento. Primeiramente pelo sistema educacional, as diretrizes curriculares, as ideologias, os métodos, os salários, as salas lotadas, etc etc. Tudo contribuindo para que a criança saia da escola mais competitiva, mais formada (forma), embaralhada no meio de conceitos como diversidade, exclusão, inclusão, igualdade, liberdade e cidadania.
Acho inclusive que todo o aprendizado sobre violência (quer sexual e escolar, de palavra e gestos) deveria ser aprendido em casa. Mas coitados - tão freneticamente absortos na tarefa de ganhar dinheiro e construir uma carreira para ter uma aposentadoria e “dar o melhor para os filhos” - não conseguem ficar com seus queridos o suficiente para ensinar o básico. A escola? Coitada da escola, que agora tem que receber crianças na educação infantil e assumir a tarefa de ensinar TUDO pros pequenos. A igreja? Não, ela esta geralmente preocupada em construir templos e manter seu status quo. Os grupos minoritários? Não, eles provavelmente apenas reproduziriam o sistema de violência, como tem acontecido com alguns grupos afros e a nova conceituação de homofobia.
Se temos em nossa natureza uma essência violenta, se esta violência é alimentada por diversos processos (naturais, sociais etc) e se não há ninguém para puxar um processo educativo nem no lar nem na escola, então podemos concluir que daqui pra frente “só Deus pra dar graça”!
Mas creio em utopias, sonhos e milagres: se o governo tomar atitudes fortes com Tolerância Zero para o bullying, fortes mudanças no sistema de ensino, punições para os infratores e intenso acompanhamento as vitimas, e, prioritariamente, política de conscientização para que o cidadão utilize-se de menos violência em seu dia-a-dia, puxadas principalmente pelos Ministério da Cultura e da Educação, teremos um bom recomeço. Nada menos que isto tudo.
Cecilia Onófrio

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